Thursday, April 19, 2007

O enterro



Estava deitado em minha rede, assistindo como de costume aos jornais televisivos, quando de repente vem a notícia: tiroteios entre grupos de criminosos rivais impedem velórios no Rio de Janeiro.
A primeira vista, finjo não acreditar, esfrego meus olhos, mais de nada adianta, a notícia está lá. Pior, as imagens nos mostram a triste realidade que assola as grandes cidades brasileiras. O que era para ser um fato corriqueiro de mais um velório, etapa evolutiva e dolorosa de nosso destino, passa a compor um quadro desolador e ainda mais triste do que deveria ser.
As famílias foram obrigadas a remarcarem as datas dos velórios. A que ponto nossa sociedade chegou, temos medo de sair de casa, de ir à festas, visitar aos amigos, não sabemos onde isso tudo vai acabar.
Digo isto, devido às entrevistas dadas pelas autoridades à época do caso do menino João Hélio, arrastado por 8 quilômetros e morto por marginais. A maioria deles, afirmaram ser em hora indevida a mudança nas leis penais no país, pois a “emoção pode influenciar e prejudicar os direitos dos apenados” (criminosos).
Até que compreendo a posição de boa parte de nossos representantes legais, sei muito bem o padrão de vida a qual todos nós possibilitamos a eles, onde dificilmente a marginalidade chega aos seus lares e influenciam a mudança de atitude para medidas mais enérgicas para com os criminosos.
A nós cidadãos e policiais, resta apenas lamentarmos esta realidade, pois ambos lutam de forma desigual. Os cidadãos preocupados e inseguros a cada instante; os policiais, com armamentos inadequados aos utilizados pelos marginais, estão trabalhando a própria sorte, não sabendo se voltarão ou não a suas casas após o trabalho.
Rezemos todos nós pela coragem dos cidadãos e da polícia que correm o risco diário de ter o direito a vida e a liberdade.
Roberto Dantas é Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Curso de extensão universitária na área de Educação, sendo professor bolsista CNPq – PROEX – UFRN – Pós-graduando em Estudos Amazônicos pela Universidade Federal do Pará (UFPA).Colunista do Jornal do Comércio - Itaituba -PA

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