Saturday, December 09, 2006

O imaginário sobre Itaituba



O imaginário é uma construção parcial de uma forma de agir de um povo de um determinado local, que de forma isolada e na maioria das vezes negativa, acaba por criar um pré-conceito a cerca da grande maioria das pessoas onde lá vivem.
Itaituba, também não escapa destes estereótipos. A maioria deles foi criada na época da grande extração semimanual do ouro na região, durante as décadas 70, 80 e meados da década de 90 do século passado.
Durante este período, a cidade compreendia uma extensão territorial muito maior do que atualmente, sendo o maior município do mundo, bem como o mais movimentado aeroporto de aviões monomotores.
Este boom de crescimento econômico, atraiu milhares de pessoas a cidade, gerando um altíssimo crescimento demográfico, levando a cidade a possuir mais de 160 mil habitantes, bem mais do que os atuais 96.615 habitantes, segundo as últimas estimativas do IBGE.
As notícias de assassinatos e desrespeitos às leis ocorridas nas regiões de alguns garimpos, que até então pertenciam ao município, perpetuaram o imaginário local e espalharam-se a muitas regiões do país onde viam os trabalhadores, aventureiros e comerciantes. Era como se essas práticas não acontecessem de forma isolada, mas sim costumes amplamente aceitos por todos, o que não era verdade.
Lembro-me de um amigo que fora continuar seus estudos em Belém do Pará. Levou daqui seu Passat zero quilômetro de cor preta. Chegando a capital do estado, colocou uma película também preta no carro. Em um destes acontecimentos cotidianos da vida, veio a bater seu carro em outro. Após o choque, desceu do veículo e foi conversar com o casal do outro carro:
- Vocês estão bem?
- Queria saber como iremos fazer para eu pagar o prejuízo que causei em seu carro.
Para seu espanto, a acompanhante do rapaz, disse nervosamente:
- Vamos embora daqui! Esse carro deve ser de algum pistoleiro de Itaituba. Não vê a placa, o carro e os vidros todos pretos. Vamos embora pelo amor e Deus!
Meu amigo ficou impressionado com este fato, não estava acreditando no que havia ocorrido com ele. Acabara de causar danos financeiros a outra pessoa e não precisou pagar por isso.
Na verdade, ele foi mais um a compreender a força e a extensão da criação dos estereótipos nas relações humanas, que para o historiador francês Jacques Le Goff “(estas) são as práticas sociais que mudam mais lentamente, apesar de não corresponderem à realidade das formas de agir das pessoas”.



Roberto Dantas é Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Curso de extensão universitária na área de Educação, sendo professor bolsista CNPq – PROEX – UFRN – Pós-graduado em Estudos Amazônicos pela Universidade Federal do Pará (UFPA).Colunista do Jornal do Comércio - Itaituba -PA - Professor Universitário da Faculdade de Itaituba (FAI)

Thursday, December 07, 2006

Uma pequena urbanização


Nestes cento e cinqüenta anos de história, Itaituba passou por inúmeras mudanças. Construiu-se uma cidade ávida (desejosa) por crescimento e desenvolvimento, mas que como muitas outras, pagou-se e paga um preço alto por esta avidez.
Iremos retratar um pequeno fragmento da história da urbanização de nossa cidade, a Praça do Centenário e a Praça Victor Campos.
Antes de iniciar, quero agradecer a professora e pesquisadora Regina Lucirene, que não mediu esforços e disponibilizou fontes históricas para a feitura deste artigo.
A Praça do Centenário, como alude o nome, homenageia a comemoração pelos cem anos de vida da cidade de Itaituba (15/12/1956), na época o prefeito da cidade era o sr. Raimundo Altamiro da Silva. Porém, o início da construção ocorreu bem antes, em novembro de 1898, época na qual a cidade era administrada pelo intendente José Joaquim de Moraes Sarmento, sendo a praça concluída no ano de 1900, através da aprovação de uma verba complementar de aproximadamente 43 mil réis (moeda da época)
A Praça Victor Campos é a atual Praça da Bandeira, localizada ao lado da antiga prefeitura. Oficialmente o primeiro nome é o que consta na documentação do livro de Ata do Legislativo Municipal, mas que pelo costume popular, tornou o segundo nome mais conhecido e utilizado do que o primeiro, cabendo as autoridades uma definição para o impasse.
A praça conta também com um monumento feito em bronze homenageando o fundador da cidade, o Coronel Joaquim Caetano Correa, pena que as três palmeiras colocadas na época da inauguração em 1910, não existem mais, como é o de costume em todo o Brasil, onde não se valorizam os monumentos, nem a vegetação, como é o caso da também das inúmeras mangueiras existentes na área onde hoje é a rua Dr. Hugo de Mendonça, sobraram poucas para contar essa história.
Esperamos que as comemorações venham a trazer uma maior conscientização por parte de todos nós e das autoridades para com os bens públicos, que estes não sejam lembrados não apenas nas datas comemorativas, mas que sejam valorizados e cuidados como construções do povo de Itaituba, povo este, heróico e combativo, que aprendeu a conviver com as adversidades impostas pela natureza na Amazônia brasileira e conseguiu construir uma bela cidade de grande importância para o país.


Roberto Dantas é Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Curso de extensão universitária na área de Educação, sendo professor bolsista CNPq – PROEX – UFRN – Pós-graduando em Estudos Amazônicos pela Universidade Federal do Pará (UFPA).Colunista do Jornal do Comércio - Itaituba -PA